processo de criação

Mais sobre o processo de criação

Cada atriz ocupa seu espaço na sala. Trocam de roupa, alongando corpo, aquecem a voz e , cada uma em seu momento, cantarola sua música escolhida para embalar os ensaios. Esse ritual, renovado em sua forma a cada encontro, também já prepara o espectador para assistir ao espetáculo. O olhar é o que as mantém harmonizadas até o início da passagem de texto.

Essa passagem, inclusive, é baseada no improviso. As meninas são livres para deixar a criatividade tomar conta do espaço cênico. Com o objetivo de tornar os monólogos mais orgânicos, não há linearidade na forma de contar as histórias. Apesar disso, o entendimento não fica comprometido, tamanha a sintonia entre as atrizes.

A diretora consegue construir uma lógica que costura os três contos de Lygia fagundes Telles ao descobrir, nas suas particularidades, pontos comuns. Assim, fica claro, a quem assiste, a existência de um mesmo conflito vivido de maneiras diferentes por três personagens também distintas. A escolha de uma sala que deixa no mesmo nível ator-público favorece este último, dando uma visão perspectiva daquilo que acontece em cena. Os elementos de um espetáculo bem estruturado estão prontos: disciplina, organização e trabalho em equipe. Agora é só esperar.

Camila Gomes – Jornalista Mostra UFRJ (2007, publicado durante a Mostra de Projetos Experimentais da UFRJ – Curso de Direção Teatral)