a diretora

No início era apenas a diretora mergulhada na leitura da autora que mais admira. Meu reencontro com as palavras de Lygia Fagundes Telles. Memória, imaginação. Descobertas. Porém estava só. E teatro não se faz sozinho. E eu também não me sentia bem naquela solidão.

Iniciava-se uma busca por pessoas dispostas a levar um pouco do vasto universo dessa grande escritora aos palcos. Nem precisei ir tão longe. Os artistas, com a sensibilidade, a inquietude e a disponibilidade que este projeto necessitava, estavam ao meu redor. A possibilidade de enfim, construir um espetáculo em que a criação fosse do grupo era real. E, passo a passo – durante o processo –, fomos todos experimentando, opinando, questionando, gritando, susurrando, ouvindo,. Rindo, chorando, cantando, se expondo... Dando vida a um espetáculo. Suportando perdas. Aprendendo com as diferenças, percebendo que a insatisfação do artista é constante, mas escolhas são necessárias. Ao meu redor, todos eram amigos.

Tenho um assistente que me completa, atrizes inacreditavelmente talentosas e entregues, uma equipe criativa e competente e, ainda por cima, tenho um orientador que acompanha o processo com um interesse tão real que, logo no primeiro ensaio, já se sentou conosco para falar sobre aprender a observar, receber e desvelar o que está apenas coberto. E a cada ensaio íamos descobrindo o que já estava lá: não é apenas uma peça Não são apenas cinco mulheres. Três historias. São cores são flores. É morte... É o vazio e o completo. É o feminino. É a mulher. ';E a mulher Lygia. São as Marias que se descobrem lendo Lygia. São memórias reinventadas.

O projeto surgiu da vontade de expor meu amor a literatura de Lygia fagundes Telles. O espetáculo: resultado efetivo de um processo. Este, o processo, foi feito por laços...

Luciana Barboza